sexta-feira, 5 de abril de 2013

Feiticeiros

E desde que o mundo é mundo tem gente tentando controlar o incontrolável
Explicar o inexplicável
Prever o imprevisto
Dar razão ao palpite
Amaldiçoar
Curar
Benzer;
Feiticeiros.

E ser feiticeiro dá trabalho.
Não somente como a velha bruxa ao estocar em larga escala asas de morcego, patas de aranha, baba de cegonha, ariando seus enormes caldeirões; quem dirá engomando seus chapéus pra que sempre perfeitamente bicudos fiquem ou regulando suas vassouras voadoras.
Digo que dá trabalho passo atrás de passo coreografar o passo alheio.
Condenar o que pode ou não se fazer, falar, comer ou pensar sem troco.
Não bastando a própria vida, ser tutor da do outro e até pitacar nas antepassadas
Arrumar os babilaques de superstição em auto-decoração
Decorar maldições
Lidar com o pesar do carma, ele, exata balança, em si ,o bem e o mal sendo a medida pra harmonia terráquea.
Luz pra uns é treva pra outros
Vitória de um, desgraça do outro
É sempre o outro
E pesa, curandeiro
E tá pra nascer nesse mundo de impostos de renda guru qual for pra mandar na minha efervescente e preocupada cabeça.
Pois se for pra mandar, que seja perfeito
No mínimo peidar cheiroso pra guiar dentre tantos outros caminhos o que eu não possa enxergar a melhor saída, a melhor entrada, a melhor pedida, o que Deus dará.
Que venha de outro mundo mas, sem mensageiro.

A fé reside na consciência tranquila
No perdão pedido ou dado
No entendimento
Na força de acordar cedo, de cada novo sol
Na beleza da emoção e na curiosidade do que ninguém ainda sabe ou domina.

É santo isso mesmo que recebes ou é coisa da tua cabeça que queres cravar na dos outros?
És pastor de fala e terno mas és realmente condutor de rebanho?
Em nome de que és melhor que qualquer quem?
Tem verdade a lei que mata em nome do que não se conhece e somente se diz sentir quando a frieza da mentira é a real senhora?
Vai com Deus nos feiticeiros
Brancos, negros, amarelos
Todo canto haverá um atarefado em cuidar do nada
Pois o nada lhe faz aos outros forte já que o homem é sangue e medo.
E o medo lhe fará menor ao saber quem és somente um mesmo
Saco de sangue e medo
Medo qual o feitiço tem de ser mentira
E tão logo ser chamado lógico.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Relendo

Relendo, sou outro
Me vendo também.
A vida rumou por outros passos e hoje não sou mais de corpo e blog quem um dia já fui.
Outros dias já foram.
Outros novos virão.
Mas hoje não sou o poeta sonhador que a releitura me posta.
Dentre caminhos achados e perdidos ganhei, pesei, aprendi.
Cresci, regredi, agredi, chorei
Parti, cheguei
E me joguei de tantas pontes e pontas que simplesmente mudei.
Hoje continuo sem saber quem sou
Mas olhando pra trás vejo o que pensei que era e o que realmente fui.
E fui.

Homem de filhos
Pai de famílias e sonhos.
Medo e coragem
Sou meu pastor
Sigo viagem
Sigo quem sou
Vivo do mundo