domingo, 27 de novembro de 2011

.com partilhando

E lá estava ele.
Em seu lazer.
Em seu trabalho.
Em seu calendário.
Ou qual seja a face que estava.
Qual loguim usava.
Observando e sendo observado.
Criando, colando e copiando
Fofocando e espionando
Desejando.
E naquela caixa de plástico mergulhava.
Via ao canto inferior direito o taxímetro incessante
Das horas passando
E o tempo cobrando
Os cabáites que fossem.

Se enfurnando em fotos, fatos e senhas
Relembrando altos problemas.
Iventando paixões de cinema
Vendo nêgo transar.
Nêgo se amar.
Nêgo brigar.
Supondo
Se expondo escondido

Vendo as condições do mar
Mais lógico que o meteorológico.
Sem botar a cara lá fora
Tendo ao quarto tudo o que necessita.
Pois solitário é mais feliz
Assim segue o internauto-suficiente

Com dor nas costas
Pernas inchadas
O dia está lindo
Mas como saber se hipnotizado em pixels nem os olhos lavou ao pular da cama?
A boca fede e mesmo assim: Bom dia
Na pauta dos inconformados
Infinitamente ocupados
Que já até detestam olhar pro lado
Não podem viver seus atos
Sem contar pra multidão
Antes mesmo do café

É vontade de sentir-se querido
Raqueada pela vaidade.
Infestada de 7 pecados
Nociva ao corpo e a alma.
Os dedos e pulsos doendo desaguam num estalar cervical
Espreguiçando por nada ter feito
Tendo a mente por tanto sofrido
Penado pelo assunto mais ralo
Fingindo estar bem, entretido
Pensando ser mais por ter nada
Digita seus tempos perdidos.

Por quem tanto penas?
Por que?
Pra que?
Assim caminha a humanidade?
Com passos em silêncio e conflitos frente à tela?

...



quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Á Flor

Cada lágrima é devastação
Cada segundo de silêncio uma eternidade sem chão.
Em desvendar seus segredos, em tentar decifrar seus códigos; sofrimento e angústia.
Natural sendo seu corpo meu santuário de indiferença à qualquer outro mundo
Solução
Sendo seu sorriso o sinal mais expressivo de que tudo pode dar certo
Luz
Tendo em seus olhos o espelho da alma mais branda que se possa conhecer
Não te quero sofrendo por tempo que seja.
Por milésimo ou ano
Por dia ou noite
Por acaso ou circunstância
Vou buscar outras palavras
Repensar meus velhos modos
Rasgar qualquer contrato
Rescindir com meu orgulho
Romper qualquer rompante
Vou sofrer, se assim quiser
Pois sofrer por quem se ama é tarefa mais que fácil
É prazer dolorido pra te ver á vontade da graça
Serena
E num abraço me mostrar de mais perto o que chamam de paz.
Em teu colo a vida pulsa
Emociona
E só basta agradecer
Pedir não quero nada
Não preciso
Tenho a ti
Meu amor pra todo o sempre
Minha guarda e meu escudo
Minha vontade de vencer
Minha dor por bom motivo
Minha flor

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Conta Dor

E ao deparar-se com a história se repetindo o contador tenta parar de contá-la.
Analisa os personagens, os cenários e pergunta aonde está a chave da coincidência.
São outros personagens.
São outros cenários
Mas a história cisma em parecer embalando o contador em plágio.

Quem é mais forte?
A história ou o contador?
Os fins ou as tramas?
Porque um final é apenas o começo de uma nova história
E disso nunca tivera medo.

Entremeando e respeitando as pontuações ele segue com receio.
Temendo reconhecer próximos capítulos
Rezando pra que novas palavras ponteiem a língua
Buscando outros temas
Mudando
Saídas
Tentando
O ideal está bem longe tudo assim tão parecido
Mas parar de contá-la?
Seria fugir sem plano
Seria remar sem mar
Pois ao contar ele é a história. Não contá-la seria esconder-se.
Antes plágio do que nada.
Antes vivo do que sábio
Ele vai virar o jogo.

Já que o mundo é tão diverso.
Tantos pontos de vista pra se ter,
tanta opinião pra mudar,
tanto caminho pra seguir
o contador há de achar o melhor desfecho
mesmo que já tenha sido contado
mesmo que já tenha sido vivido
O enredo seguirá imprevisível
E a história cada vez mais bem contada.


...



quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Pra quem tentar



É que arde.
A cabeça arde.
O olhar se perde
E só basta o lápis.
Ou só basta a tecla,
ou que a rima escape
Mas se eu quero eu cuspo
da boca pra fora
Essas dores minhas
Que já passarão.

Se eu embalo em ritmo
Se eu me perco em letras
Se viajo ou cismo
Não me alcançarão.

Se eu me nego a fala
Se eu retrato a alma
Em forma de versos
Não me calarão

É que a dor é minha
Tá comigo ardente
Mas se de repente
Tú se apaixonar?
- Falo até com gíria,
Falo até mais mole...
Tenho até sotaque
Se você notar.

MAS SE EU FALO ALTO
COM A VOZ MAIS GRAVE
VOCÊ JÁ SE ESPANTA!!!
Mas não sou assim.


É meu voto calmo.
Respirando baixo
À sofrer sereno
ou cheio de mim.

Muito mais que pra qualquer um que venha a ler, escrever é pra quem tenta.
...

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Jurema - Uma história baseada

Como se engordasse um porco pra comê-lo no Natal
Eu tinha uma plantinha.

Eram algumas sementes
Nasceram 2 brotos
Na encubadora, o maior não resistiu
a outra vingou
e foi.

A cada dia mais ela crescia
Duas folhas para cá,
Duas folhas para lá.
Um galinho para cá.
Duas pontas, três pontas, cinco pontas
E a moça espichando, posava pra fotos
E voltei a pensar no Natal;
Em enchê-la de bolinhas
Pisca-piscas, lantejoulas
E por que não salivar com suas flores?
Afinal, o que é Natal sem presentes?

E lá ia eu ao Largo do Machado atrás de fortificantes,
fertilizantes
terras adubadíssimas com minhocas e tudo.

E bota a bicha no sol da manhã na janela da frente,
E bota a bicha na área pra pegar o sol da tarde,
E bota a bicha na janela do quarto pro pôr do sol dar mais um grau,
E bota a bicha pra dormir com a luz ligada,
Adorava calor e luz.

E foi crescendo Jureminha assim batizada,
podada e mimada.

Metro e meio.
Só folhão.
Pensei: Quanto maior o vaso, mais a planta crescerá!
Suas raízes relaxarão em mais espaço
e essa casa, filhotinha, tá pequena pra você.
Papai vai la na rua, comprar-te um vaso bem bonito, tá?

Escolhi.
Aquilo não era apenas um vaso
Era uma mansão de plástico
Cor de telha,
Fosca,
mais alguns quilos de terra - da boa -
e mais um novo fertilizante que o conterrâneo me indicou.

Vamos à mudança:

Forra a mesa com jornal
Delicadamente
Faca serrada.
O plástico do quitinete onde a Jura (é... apelido carinhoso) se instalava dava pra cortar com jeito
e fui eu devagarzinho
pra mantê-la o mais intacta
cortando o plastiquinho
cuidadoso, com cuidado de transplantador de órgãos.
Calma.

Quando ouvi:
-Ih João... né assim não!!!!

Choque.

Pois é assim sim.

- É aqui, ó...

E mete a mão no pescoço dela
entortando alguns caulinhos
balançando pra folgar da terra
e arrancando à força média
e aumentando a força enfim
e mordendo o lábio pra puxar com raiva
vão quebrando suas raízes
e meus olhos se esbugalham
cada "crec" dói na alma
e rebentou igual aipim.

paro.

respiro.

...

não

vai dar certo.

tem que dar. Ela sabe o que faz...

nó na garganta.

No novo vaso a terra já a espera.
Replantada.
Água pra ela, água pra ela...
Sobreviverá. Tenho fé.
E na UTI vê-se que as folhas já murcharam.

Tentei.

E bota a bicha no sol da manhã na janela da frente,
E bota a bicha na área pra pegar o sol da tarde,
E bota a bicha na janela do quarto pro pôr do sol dar mais um grau,
E bota a bicha pra dormir com a luz ligada.

e mais alguns dias depois já estava acinzentada e nem florar ela florou

Numa dessas, na janela eu a sentia já tristonha.
E pensava: Poxa vida... se continuasse no seu antigo habitat ela estaria mais feliz.
Mas foi por um bom motivo, tentamos melhorar.
Agora está ai:
na janela
ao fim da tarde,
improvisadamente escorada pelo negócio feito para repousar cavaquinhos, não vasos de planta
Perigosamente declinada pra fora do prédio
Sem nenhuma grade
Sem nenhum apoio.
Qual será o seu destino, broto valente que virou quase árvore?

Ela me olhou,
-juro-
suspirou,
e foi.
do sexto andar.

E ecoou no vale dos prédios o seu último grito
e o trombolho de mais de cinco quilos
de terra,
e o vaso,
e a porra toda; um esporro.
Lá embaixo ela toda torta, espatifada

Vou correr pra te salvar!!!!
E desço os 6 andares com a escada de alumínio na mão

-Vizinho, por favor me ajude!
Ouviu o barulho?
Ela caiu no seu telhado!

-Ih, é, aê...Podes creeer, brother! Acho que ouvi alguma coisa sim vinda lá de trás mermo, aê....shooow, aê...Podes creeer!

-Trouxe a escada pro resgate!

- Pode crer...Pô, relaxa, aê... Tranquilão, Johnny... quem foi que caiu?

- A Jurema!!

- Pode crer.... a neném? Tá com quantos meses já ela?

- Não, velho!  A planta! Abre a porta logo!!!!

- Pode crer....Pô, Johnny... essa parada aí é pequena pra subir lá na parada lá, brother... vai ter que esperar o porteiro chegar amanhã pra pegar a...a....(fazendo o gesto com a mão, como se estivesse subindo) como é o nome mesmo?

-  A escada?

- É!!! ha ha ...Pode crer... a escada maior lá, pra ver lá...

Então, triste, subi
Os amigos me consolaram.
A saudade veio em lágrimas... fui deitar pra esquecer.

No dia seguinte ao olhar da janela tudo limpo.
Já não havia mais terra na laje
Já não havia mais vaso
Já não havia mais ela.

E do sexto andar eu sentia
todo dia
de noitinha
mais um pouco do seu crematório
e toma-lhe Reggae Night na caxanga do vizinho.

Jureminha, a suicida, que saudade de você!







terça-feira, 13 de setembro de 2011

De Areia

Areia é pó de pedra e concha
Que desmancha se castelo
Vai ao mar, tapete eterno
Firme chão dos oceanos

E os anos esmigalham
Do deserto
Ao concreto
Grão discreto
Construção.

Dentro da ampulheta
Sente o tempo sem ser hora
Sem demora
Muda as dunas
Vai ao vento
Sem razão

Ver em vidro, reconheço:
Muito aqueço pra ser fraco
Pra ser caco
Basta pedra
Recomeço o recomeço
Se aos olhos incomodo
Assoprou, desapareço

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quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Destinos

Aquela árvore à beira da estrada.
Disse-me por vez que um raio a atingira
E atingida ela ficou.
Seca, queimada, torta e nua sem folhas.
E assim fomos.
Eu
a estrada
e a árvore.

A estrada vez de noite, vez de dia sempre cauteloso por ela muito pensei
Sendo longo o caminho a tudo resistimos:
Nevoeiro, chuva fina
Engarrafamentos, altas velocidades
Canções ao rádio, 
ao ônibus, 
ao longe
Fui e vim ver meu amor.

Só na ida vejo a árvore.
Linda imagem 
Temos coisas pra nos dizer,
lição pra passar.
Já a tempos nos flertamos
Tempo tanto que mudou.
E agora como dizer que suas folhas estão voltando?
Pois o raio que a partiria não bastou pra extinguir.
Os galhos refolhando
Os cinzas se esvaindo
Bem vindos vivos verdes
Cor.
Talvez coposa, robusta e florida lhe achem mais graça  
Em outra pose sorrirá aos que mal a viam.
Mal os olhos
Mal os galhos
Outra pose assim será.

Leva e trás 
De leve 
em paz.
Ver que a vida é vai e volta?
Vem invés de ver.
E se vi reviver quando fui pra te ver 
bem melhor ter você indo e vindo comigo.

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quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Quando confundiu meu nome

Quando confundiu meu nome
(João Martins/Leandro Fregonesi)

O teu segredo era uma grande fortaleza
A incerteza do ciúme me consome
Sem confiança, se destruiu
Muito você me feriu quando confundiu meu nome.

Deslize que fez desabar o que foi construído
Fui ferido em minha alma, minha calma e muito mais
Será que na hora de amar, se fecha os olhos
teus sonhos te levam pra longe demais?

Não dá mais
Não dá mais
Diga se sente saudades daquele rapaz
Não dá mais
Não dá mais
Vamos, me diga a verdade pra eu viver em paz


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terça-feira, 2 de agosto de 2011

Ménage

E eu vou buscando outro tema pra aliviar.
É que a caneta de quem escreve vira e mexe paquera a mão
O teclado convida
Tesão matinal.

Mas forçar nunca é jogo.
São palavras.
Estuprar de boca seca?
Um não quer. Dois não brigam
Então, busca.
Entre linhas,
entre fotos e lembranças.
São ideias
Um café pra abrir a mente.
Contente.
Lá fui.

Dançar com sonhos.
Desliga tudo.
É a hora da alma pra alma.
E no silêncio, vez em quando a boca fala pra sentir como se lê aquilo que ainda é loteria.

-Não! Aqui não há nada! - diz a janela.
-Opa! Tô ai! - diz o cinzeiro.
E a tela do computador vai escurecendo com mais letras do que espaços e mais leve seguiremos.
Mil assuntos.
Mil coisas.
A manhã jurou ter sido produtiva tendo eu, as ideias e as palavras tanto pelejado antes mesmo de um bom dia.

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quarta-feira, 27 de julho de 2011

Madrugada principio ou fim

Madrugada princípio ou fim

(João Martins/Moyseis Marques)

A tarde vem sofisticar o dia.
Um sol maduro dá ar de adulto à alvorada
E na passada, ao pé da noite, a vida corre
A madrugada é princípio ou fim?

O dia nasce todo dia a tanto tempo
E só se sente o hoje enfim ao despertar
Enquanto a noite não me embala em pleno sono
Sigo no ontem esperando o amanhã chegar

De dia sou criança
Sou quase um peixe no mar
À tarde a dor me alcança
Eu vou me recriar
Quando da dor esqueço
é porque anoiteceu
Na madrugada enluarada sou mais eu

Não me diga se amanheceu
Nem que o velho ontem já partiu
Meu canto ainda não desvaneceu
Só é amanhã pra quem dormiu


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quarta-feira, 6 de julho de 2011

Mistura e Manda

A ansiedade é o arco íris que nos cega as cores no caminho ao pote de ouro.
Ao ouro.
Só o ouro.
De que valem outros amarelos?
De que valem verdes a não serem dólares?
E a compulsividade rega.
Molha.
Afoga o redor e quem salva-se?
Só a dúvida.
O que era?
Era fome?
Era frio?
Era dor?
E já foi.
Já passou.
Já gastou.
E os vermelhos agora atacam as contas
Negativas.
A coisa fica preta pois cegos foram teus passos egoístas.
E aos celestes azuis tu recorerás pedindo aos céus e a sorte por mais.
Mais o que?
Já nem sabe.

Sem saber o gosto do suor, realmente não haverá graça na doçura dos laranjas.
Sem paciência ou perseverança não haverão de fermentar os vinhos e desbotar os rosas.
O que é o importante?
A felicidade ou a busca por ela?
O gozo ou a foda?
O tempo ou a hora?
O arco ou o ouro?

O branco é sim a paz.
E a paz é feita em cor
Mistura e manda
na calma dos lilás.

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terça-feira, 28 de junho de 2011

Asas de Fogo

Asas de Fogo
(João Martins)

Se a vida preferir eu dou
um beijo em sua mão.
À benção, mão da vida!                
O céu beijando o chão
E a vida enfim dançando
rodando
distante
fingindo que me protegeu.
Promessa não cumprida

Eu quero enfim o amar;
Também me prometeu.
Eu quero descansar.
O problema não é seu
É meu
A vida é chão e eu querendo asas.

Ícaro voou com asas de cera
Cera que derretera perto do sol
Eu vou mergulhar com asas de fogo
No arrebol.
E ver lá do céu a dor tão pequena
Vou mais alto
Vou voar
Mas sem esquecer que a vida me espera
Quando eu voltar

Se eu voltar

Pra que voltar?


...

Desculpem aos parceiros a quem mostrei essas tantas primeiras, mas hoje as juntei nesse balaio.


terça-feira, 14 de junho de 2011

Luzcameração

Está tudo sendo filmado.
Há câmeras por todos os lados.
Para e olha o canto da marquise
Vê se de lá alguém não te espia.

Desvia.

Aos teus, pelos teus patrimônios me resta rezar.
Pedir pra que, então, meu Senhor nos proteja.
Que o mal ou a fome não nos permeiem qualquer dano
Mas tira esses olhos da rua, matuto!
Tira esses olhos de mim

Será que por causa das coisas as coisas nunca mais serão as mesmas?

Daí fica a rua assim, sem gente.
Sem ladrão, mas sem sossego
O glóbulo que tudo vê está sempre ali
Aqui
Lá.
E mesmo quem não faz nada de errado
Assim, quem sabe, pela noite...
Se sente intimidado com o monitoramento.
Pois tem gente quem ainda gosta de embrenhar-se pelos cantinhos obscuros da cidade.
Obscuros mas nem tanto...
Obscenos, mas filmados.

A rua do povo
O povo da rua
A rua sem povo
E o povo sem rua
Cerimônia entre eles... óbvio desconforto em cena.


Alô, direção:

Os entusiastas do "libera-geral" estão chegando
Estão transformando
De perto, longe, dentro e fora.
Tudo tão cafona que dá dó da gente mesmo.
Repensando em outros tempos.
Nosso mundo tão hi-tech
Pode ter graça nenhuma.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Eis a Esquina

Era todo o sábado e, na verdade, nem faz tanto tempo assim.
Caixa amplificada pra dar voz a viola
Lona azul para eventualidades do tempo
Banquinhos de plástico cambetas
Afoxé faltando miçanga
Cadê a palheta?
E lá fui eu com o meu banjo pra esquina.
Lá fui eu ver qual era
Lá fui eu aturar maluco
Lá fui eu pros braços do álcool
Conhecer o sentido da palavra saideira e suas lindas musas de fim de madrugada.
E se iniciava uma história remunerada à quinze mangos e um X-Tudo...

... o birinight, com muito apelo, arregado pelo patrão.

Naquela esquina conheci gente
Naquela esquina conheci música

São 5 ou 6 cantando.
Empunhando seus instrumentos em um bem comum
A liberdade em transe ao som do samba
Ali
Pra mim
na sua forma mais verdadeira; nos braços e bocas do povo.
Trabalhadores
Pais de família
Homens do mundo ali honrados bambas, batuqueiros ou de que quiser chamar.
Cantem também, meninas!
Sem olhar para o homem umas das outras, por favor.

Desce mais uma
Nasce mais um dia.
E os amigos do colégio, dali, da próxima esquina chegam de suas boates igualmente sóbrios.
Também novos.
Mas meu estágio não é engravatado às 8 na Rio Branco
É aqui no chão.
É aqui no centro das emoções
Claro.
E enfim são os meninos vendo o Catete clarear


Pensando bem já faz um bom tempo sim.

A esquina não é mais a mesma
Eu também não

Bom tempo que passa
E bem antes que a vizinhança jogue água ou ovos por o barulho estar demais a minha vontade é batucar na rua.
Onde o meu canto se asperou e minhas incertezas afloraram.
Onde o aprendiz iniciou a lição
Onde o orgulho fez um pequeno primeiro risco na branca e imensa tela que a vida -por favor- há de me continuar pintando.

E já fomos aos teatros!
Aos palcos e aeroportos.
Aos camarins e estúdios.
Aos ensaios e furadas.
Aos lugares mais bonitos e sonhados.
Nós
Diretamente da esquina pergunto para onde vamos.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

O fogo e a Cura

Quero que a poesia me leve
Me leve pra onde for
pois até hoje tem sido assim.
Que me leve ao Norte
Que me leve a sorte
Que me leve ao longe
Que me leve aí.
Pra te dar bom dia
Acalmar-te.

Quero que a força te abrace
Na calma
Na manha
Pra que tudo corra bem
Pra que entre passos ou sonhos sempre sejamos realidade.
E calma
E brandos.
Deus;
Força branda.

O fogo e a cura.
O fogo é a cura.
Queimará encraves
Sanará rancores
E os sonos serão mais tranquilos.
É o elo dos que se amam meditando e pescando ao tão confuso cosmos as puras e eminentes lágrimas de boa energia.

Há entre nós feiticeiros.
Quem sabe não sois?
Quem sabe quem és?
Então toda magia calará.
Baixarão.
Sem guarda.
Pra que no céu sem raios,
sem ondas de rádio,
sem mágoas nem pragas só ecoe amor pois esse é o natural.
O fogo é natural.
E o natural vem em bênção
sendo quem somos.
Vivendo e aprendendo
Querendo e rejeitando
Revivendo e conhecendo
Aceitando
Maturando.
Merecendo.

Cresce, flor
Rasga a terra, broto, ainda broto.
Busca a luz e tira onda.
Flora que ainda há tempo
e o tempo tá co'a gente.


...

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Pra dor me Esquecer

Pra dor me Esquecer
(João Martins/ Fred Camacho)

São dois corações sorrindo ao prazer
Em sentir o quanto é simples amar
Laços de verdade unindo a razão
Dominando as lágrimas do meu olhar
Eu, que duvidava da mágoa fluir
Preferi o tempo pra dor me esquecer
E o próprio tempo tratou de puir
Todo nó pro amor me levar pra te ver

Não sabia ser assim
Tudo o que ouvi falar
Nas canções que aprendi
Hoje entendo e vou cantar
Com a voz de quem sofreu
E aprendeu a confiar
No bailar do sentimento a vida faz com o tempo um belo par

Tem sabor, tem dendê
Bem querer, bem me faz
O calor do prazer
Temperou minha paz



...

Pus a letra nessa melodia do Fredinho na fila da AMIU esperando a Joana ser atendida.
Tadinha...tava gripadinha.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Trago

Parece mais com o que não tive.
Aqueles.
Que faltou algo e não aconteceram
Coragem? Sorte? Palavras?
Chances passaram e vontades marcaram
Afinal Amar é dois.

Aqueles de que não conheci o beijo ou toque.
E a eles chamar de amor foi só o que restou.
De longe, sem fotos
A imaginação fantasiava intimidades
Rastros de timidez
Infantis desejos.
Infinitos na novidade de gostar
No ímpeto de conquistar
Verdade, apesar de não comprovada em dor e pele, sim, verdade.

A flecha por tantos tão temida é cravada n'alma.
E pensa
E lembra
E todo momento vira pouco pois o que se quer é prorrogá-los.
Aumentá-los
Abrilhantá-los do que houver lume e beleza.
Ornamentando com o que de melhor houver na calma.
E porque não também no fogo
Que reflete ao corpo
Que incendeia e tumultua
Lá nós dentro do fogo
E o fogo dentro de nós.
Dos nós.

E palmas pro mundo lá fora.
Certos estão eles em continuar apenas mundo
buscando a eterna novidade.
Daqui vou eu
Nas minhas antigas delícias
De quando ainda não era hoje
Mas mesmo ontem vibrava meus amanhãs.


...

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Mistério em Dose Certa

Mistério em Dose Certa
(João Martins/ Mariana Padrão)

Rebuscar um samba alegre pra espantar a dor,
pra ver sorrir
Ele vai cantar no alvorecer
Pra gente ver surgir
Desbancando a noite vai, meu samba, traz a flor enfim
Revolta a velha paz
Cure a mim

Pois quando a flor me falta
Um vazio faz o peito arder
Pois quando a flor me falta
Aproxima o padecer

Mas quando amada
A flor faz seu papel
Mistério em dose certa
Mais cor que meu céu
O samba tenta
Surpreende
Mas se rende
Qual se a flor sangrasse mel


...

quinta-feira, 31 de março de 2011

Pés

É pé de quê?
É pé de limoeiro, moço.
De moleque
Descalço.
Bicando bola e pegando bicho no quintal.
Pé que corre mundo
Pé que vai buscar
Que se enfia na jaca
Que chuta baldes e paus de barraca
Pés que se esticam ao prazer
Pés que pisam onde não devem e depois desandam a correr
Pé que não se pega.

Planta dos pés,
Planta dos passos.
Passo à passo.
Passarão.

Até que os da galinha, sem pena começam a ciscar o rosto
E o pedante pé de antes pianinho agora baila sereno pelo salão
Pé de valsa
Pé no chão
Driblando o destino pros pés não finalmente juntarem
Aos pés dessa vida sem pé nem cabeça.


...

segunda-feira, 21 de março de 2011

Ao embate as consequências

E ao telefone tudo está decidido.
Não quero mais.
Você me faz mal.
O outro compra a idéia.
Pode ser...
Não, as coisas não vão terminar assim... não te conheci por telefone.
Encontremos

E ao caminho tudo se afervilha.
O penar do pesar na balança que balança as certezas.
Pois ninguém morre pela falta de alguém
Não nascemos juntos...

Seguem.
Concentram.

E ao seguir o longo percurso maior ainda é a reflexão
A maturação do fim
O discurso de despedida
A permanência do indefinido chega perto de extinguir e o pé firme marcha ao embate.
Marcha como se fosse à guerra
À toque de caixas
A cara de mau
As sobrancelhas sisudas e os dentes cerrados.

E ao abrir da porta o olhar emudece.
Beija?
Aonde?
Mãos perdidas e corpos bambeando desaguam num abraço.
Abraço longo remetendo a quando tudo começou.
Tudo que em sopro assobia ser ainda pouco
Mas acalma-se em breve tom.
Pois ainda está o tudo acabado.
Ou acabando
Ou nunca é tarde?

...

Sérios.

Vamos.
Diz tua história.
Terminemos com isso logo pois a vida tem que andar.
Da forma que for.
Olha como você é.
Olha o que você fez.
Olha o quanto eu sofro.
Olha o quanto eu chorei.
Olha...

... e ao fim veja que a gente se preocupa com coisas tão pequenas que nem conseguimos enxergar.
Daí ficamos assim
a nos mandar olhar.
A nos mandar.
A nos perder?

Pensam.

E ao extravasar da toda angustia outro abraço embola.
Agora nosso primeiro beijo como ex-o-que-fossemos.
Dado com mais paixão
Sim, pois ja que agora não somos mais... contém pecado.

E a essa vontade de amalgamar nossos corpos?
Serão enfim ex-corpos esses que toda manhã desembocam apenas em sorrisos?
Afinal somos o sorriso
E aos sorrisos, que só combinam com choros quando juntos na cara, uma chance.
Não.
Não acabou.
Aumentou.
Vamos em frente.

terça-feira, 15 de março de 2011

Ao Raul

Os amores fazem sangrar.
As paixões desvirtuam meu certo.
E então me permito seguir assim
Sem fim.
Sem certeza me prendendo à ilusões que só refletem enfim abandono.
E re-sangrar
E jorra o sangue que nem bom está pois a noite o fez ralo
o fez fraco
o fez nada pra apenas me manter triste.
Me fez nada pra rever amores
Me disse coisas que tenho medo de aos capetinos revelar.
Capetinos esses que apuram tal sangue
Com maldade e discórdia
Com saudades e dúvidas
Dissabor invisível
Eminente solução
pra curar o desconhecido.
Vence quem resgata o temor por amar quem não se deve
das garras de um sofrimento já condecorado em lágrimas.



...

domingo, 13 de março de 2011

Paineiras

E assim subimos.
Devagar transando os verdes das curvas do velho Cosme.
Entranhando a santidade da Teresa
Curtindo Ascurra
Silvestre
Adentrando a Tijuca em seu pleno parque apenas verdes
Cerzindo notas antigas canções bordavam.
Subimos
Subimos
Paineiras
Chegamos
Na vista.
Do alto
Abraços.
E relatar o sonho de voar é natural ao natural tão íntimo.
Floresta e abraços.
Ao abismo de montes o construído cravejado nos vales da cidade.
O mar é visto ao longe e lá iríamos num vôo rápido como o da borboleta.
Coitada?
Ela se encasula - e não enclausula- pra aprender a não ser mais só larva, que sim, bela é menos ela do que quando voará.
E no casulo aprende
E madura o poder voar.
Pois pra voar não bastam apenas os bons de coração
O algo mais assim precisará.
Tempo talvez.

Dinheiro talvez...

Veja, o Jockey.
Grandioso espaço,não?
Daqui de cima é um dos mais notórios, ó senhora.
Ora jogo, ora esporte?
Ora bolas, são cavalos.
E cavalos rendem bem.
Tá lá o Jockey... bem lembrando tempos de Gávea onde ao muro me quebrei.

Isso é prosa de outra hora.

Vem voando o passarinho.
É tucano?
Bicho preto de bico bonito, não tão grande de tucano, mas formoso bico.
Parece tucano.
Daí vê de longe.
Umas 7 ou 8 árvores á frente do mirante.
Voa pra lá, voa pra cá
Já agora a 5 ou 6.
Olha, esconde
Voa, voa...
Voa, olha...
E bem perto aqui no galho parou
Olhou agora firme.
Interagiu.
E esperou contemplando.
Tava na hora.

Sim.
Lá veio a neblina.
Subiu rápida turvando vista
Veio a nuvem em forma de nuvem
E nós dentro da nuvem
Não algodosa como cartum
nem gelada como uma frente fria
nem molhada
nem andina.

Vapor.

E se instalou um tempo tão bom
De branco
De dentro da paz
De dentro da nuvem
E dentro de nós
Tragada
Os bobos e o pássaro.
Que viram crianças brincarem
E chorarem depois de ao chão caírem
Ralarem
Joelhos
Gritarem de dor.
Gritaram na bica
Da água gelada
E a gente voltando
Pensando na vida
Levando pra frente
Levando aos pulmões nuvem que agora ao sangue
Reflete o barato da cidade vista de cima
Sentida do céu
Até, passarinho.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Pra jogo

São duas almas.
Dois corpos vagantes por caminhos proximamente distintos.
E basta o estalo que o amor - esse não menos vagante - ainda existe para que reflita a luz nos vales da calma.
Coração sangrante
Expurga desejo
Ferida reaberta
Molejado ao conhecer fui.
Passará toda mancha de desmotivação
Sorrirá até a lua ao perceber que findou-se a peleja do orgulho.
.
É fácil propor o jogo:
Os beijos serão conectos, saborosos e quentes
As mãos passearão pelos corpos coquetelando suor e saliva
As barreiras serão frangalhos tal como os ciúmes carnais
Os carinhos arderão a pele
As caras sorrirão contentes e apaixonadas
Os corpos gritarão quase quebrando e pensarão até em fugir do orgasmático
E quem deixar um eu te amo escapolir primeiro pela boca ré confessa das mordidas no pescoço perde.

Ou ganha?

Cabe então resolvermos.
Se vale mais a liberdade de sonhar com um mesmo triunfo
Ou a insegurança da disputa ferrenha
Que segura as cantorias da manhã nas prisões do passado
Que tinge de medo a filosofia do querer
Que evita o sim e o fim.

Mas tente compreender - cantaram -
Morando em não, te falo,
Você sabe como é.
Hoje a tarde todas as vias despedagiaram.
E eu voei.
E eu te busquei.
E você veio comigo.
E agora já não sei mais de nada.

No cartório ou na igreja?
Se não quiser, tudo bem, meu bem...
Pois assim como nós a praça já não será mais a mesma.
Os livros virão assim como as canções
Natural
Tornando qualquer jogo passatempo
e nós maiores que tudo.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O Bebê-rrão

Fermentados
Destilados
Deste lado
também verás.
Litros embriagatórios.
Líquidos devaneios.

Mas tu, garotão, parece não poder beber tanto assim.

Fica engraçada a fala.
Gagueja,
confunde,
atropela,
cospe e xinga.
Boca maldita que parece vomitar, além dos seus excessos, as verdades mais ácidas que te povoam no particular.
Essas, acredite, só a ti interessam.

Olho caído
Olhar perdido
Peito inchado,
Prontíssimo pra nada e, na grande e sincera verdade, totalmente sem graça.
Surto démodé.

O mundo ensina.
E com esse aprendizado efetiva-se o desapego.
Não.
Não tenho que te aturar, garotão.
Te permito simplesmente passar,
Ir,
vai... mas pra longe.

Mais pra longe.

Rei da noite?
Inconsequente?
O egocentrismo é todo seu.
Veja, é a vida.
Deixa ela fazer seu papel e ser sua madura senhora.

Perco meu tempo pra aliviar a pena.
Para fazer presente a calma.
Já que uma faísca basta para explodir quem está tão combustível, deixemos o maluco dançar sem palma.
Violento,
conturbado,
nada claro,
nada amigo.
Valentia?
Não enxergo.
Vejo circo e vou-me embora.
Tá por fora, garotão.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Alívio?

Quero uma ópera de palavras.
Um turbilhão massacroso e demorado de letras desvendando minhas ideias.
Sem ligar pros impacientes como eu que sempre fogem de um extenso texto.
Clique
Impacientes fogem,
aprisionam,
e tem ciúmes.

Quero parar de parar pra pensar e vomitar ao mundo, mesmo que  falte o dinheiro, minha vontade de engoli-lo.
Quero clarear a mente, nem que para isso use dos mais fortes alvejantes.
Quero sanar o corpo.
Quero deixar o processo suicida que devora o hoje na angustia dos amanhãs
Quero calma.

Quero pausa.

Pois quero o sempre, o jovem e o sábio.
Quero o rápido.
Daí o cuco canta a todo instante.
Barulho irritante.
Buzina, calor, claridade.
Dormir?

A cidade é sim.
A cabeça é não.
Alvejantes, por favor.

Vamos ver a lua
Me chama pra ti
Se existe alguém, que se reflita
Pois à vista todos já me soam múmias em eco.
Enjoo por excesso.
Como se ferozmente mastigasse manteiga

Olhar fervente
e boca fechada até que um cocar coroe minhas ignorantes intransigências.

Enquanto isso eu crio
Eu vou
Eu paro
Eu choro
Eu crio
Eu paro...
E todo mundo roda
Em mãos
Ciranda
Cilada
Pra olhos que realmente queiram enxergar
por mais difícil que seja entender.

Crime.
Um coração criativo
ferir-se ou quebrar-se por cuca insalubre.
Por culpa ou por falta
Por tempo ou por cura.

Sorri e fui pra rua.
É porque ninguém merece.

...

domingo, 23 de janeiro de 2011

Beijo na Chuva

Beijo na chuva.
Poesia em cena.
Esqueça do mundo.
Esqueça de tudo
Só não ponha nos pingos a culpa por um beijo ruim
nem tire dos lábios as glórias por uma vizinha paixão.

Entremeios salivados
Entretantos dissolvidos
Tão molhados
E agora?

Voz da rua.

Ecoada pelo canto
Entoado pela jura
Volta o beijo na marquise
E o bairro se alumia.
E eles os pardos viram quase dia de tanta luz
Desejo combustível
que parece não ter fim.

A noite é longa e de água e carinho se faz o crescimento.
Olhar despido despistou a solidão
pra vontade de ver quem és
Assimilar-te
fazer parte
e ter-te;  o melhor conforto.
Pulse

Sendo a chuva problema das calçadas e caminhos
o beijo intrujou 
invadiu
e fez seu momento pra quem estivesse ali pra ver.

Da janela indiscreta,
Na triste medicância,
Desvirtua vício e fome canina.
Beijo na chuva
Obra prima

...