Tem sapatos na janela.
Sapatinhos.
Sapatinhos que
inacreditavelmente pequenos já
protegeram esses meus pés.
Pés de vinte e poucos anos - mais pra trinta que pra vinte - pés 42 calejados sim bem feios mas ao tempo que cabiam nos sapatinhos deviam conter mais fantasia.
Pés.
Comuns.
Mas que lindos sapatinhos!
E hoje nem estão na janela atrás do Papai
Noel.
Estavam se
refortificando em alvejantes, sabão, água e na janela, bastante sol.
É que daqui a pouco tempo
protegerão e guiarão os pequenos pés de outra pessoa.
Pés esses com
bastante fantasia e formosura extra.
Pés fofinhos que cabem na boca.
Na dela e na minha.
O pé tá na boca do povo
Aguardam então mais algumas semanas os sapatinhos...Oras! Esses guerreiros ficaram vinte e poucos anos - mais pra trinta que pra vinte - enclausurados no saco do fundo da gaveta do armário da
infinitude da não serventia.
Seu dono crescia.
Como assim cresce a sua herdeira.
E seu pé.
Portanto esperemos assim que os aposentáveis sapatinhos sejam bem utilizados pelas próximas gerações bem vindas em
velcro, de já passadas
pantufinhas e que todos cismam em dizer que veremos tão rapidamente num laço aprendido lá irem eles amarrar os próprios
pisantes e não tropeçar pelo
cadarço desamarrado.
Vamos aprendendo
Vamos amando aprender.
Vamos cuidando.
Passo à passo.